Na ultima terça-feira (29), o Brasil conheceu a mais nova milionária, Maria, que venceu o Big Brother Brasil 11. Em segundo lugar ficou o médico Wesley e em terceiro Daniel, talvez o homossexual mais controverso que já passou pelo programa. O que revela o trio que chegou a final? Estamos de frente para três perfis que fogem completamente daquele culturalmente imposto as mulheres, aos homens héteros e gays.
Durante o programa acompanhamos a formação do trio machista formado por Mau mau (Mauricio), Diogo e Rodrigão. Também observamos o seu esmorecimento a partir da segunda fase do programa, quando Mauricio retorna ao reality show após ser eliminado e se depara com Maria quase nos braços de Wesley, o médico gentil e companheiro. O rapaz muda completamente a sua postura e passa a destratar e esnobar Maria.
A sister campeã resolve ir atrás de Mau mau, mas a este a trata mal e a coisa piora a cada dia. Até que, depois de ir até o fundo poço e implorar para que Mauricio a aceitasse de volta, Maria se irrita. Bêbada, diz a Daniel que “quem quer, quer. Não quer, tem quem queira” e corre para os braços de Wesley que a aguardava ansiosamente. E claro, o machão Mau mau ficou ofendido. “Como assim ela agarra o cara na minha frente?” Masculinidade ferida.
O trio machista acreditava que era forte e que iriam todos para a final. Mas, o público brasileiro parece que quis se redimir de ter levado o ogro master Marcelo Dourado a vencer a décima edição do BBB e acabou por eleger três pessoas com perfis que ainda hoje vive sob a margem daquilo que é pré-posto pela sociedade em geral.
Começamos por Wesley: heterossexual, bombado, formado em medicina, atencioso, gay friendly e antimachismo. Na visão de um heterossexual tradicional, o moço será classificado como fresco e quase bicha. Maria: bonita, classe média, sempre que bebe causa bafão, apesar de um tanto carente e, por que não, dependente, faz o que quer e é ela que dá em cima dos rapazes e pergunta se pode beijar. Para boa parte da sociedade, não resta outra classificação para Maria: vagabunda e/ou oferecida demais. Foi assim que trio machista a classificou e fez a cabeça de Mauricio.
Daniel: a típica bicha louca, fala o que pensa e disse a todos: “Rodrigão é uma bichona”, o que provocou toda uma discórdia em torno da sexualidade do rapaz. Daniel também possui um caráter que oscila entre amor e ódio para aqueles que o cercam. Bebia até cair literalmente e ficava dançando sozinho até de manhã. Por vezes, preferia a companhia do coqueiro a de pessoas. Para os conservadores, a palavra para definir Daniel reside na ponta da língua: bicha promíscua.
E esse trio controverso, que parecia fadado à rejeição e ao fracasso, foi eliminando um por um do trio machista. Os rapazes sempre achavam que derrotariam Daniel, Maria e Wesley. Pensavam também que o público estava adorando a performance de cada um deles. Ledo engano.
Não da pra afirmar se realmente o público está menos machista e homofóbico. Com base no histórico do BBB, que em sua 5ª edição elegeu Jean Wyllys, gay assumido, podemos arriscar e dizer que o público oscila.
Talvez o telespectador esteja inspirado pela atual da novela das 21h, “Insensato Coração”, que é pra lá de gay friendly e também por conta dos recentes ataques homofóbicos, noticiados pelo Jornal Nacional e pelo Fantástico.
Podemos aludir também que as mulheres estão cansadas deste tipo de homem. Por exemplo, como o Diogo, que vociferou com orgulho que batia em mulher e penetrava até sangrar. As mulheres também devem estar cansadas de tipos como Mauricio: moralista, puritano e possessivo, que compartilha da seguinte ideologia: eu posso sair com todas, mas ela deve ficar de frente para o fogão e me esperar em casa.
Por fim, as mulheres também devem estar com o seu orgulho em alta. Vivem um momento inédito que é ter uma presidente mulher. Nasce a perspectiva de que a mulher não deve mais ser submissa e de que pode comandar um país, como também pode dar em cima dos rapazes ou das garotas, e ser dona de si. Coisa que o trio machista, do BBB, não tolerava. Portanto, foram rejeitados pelo púbico feminino que não suporta mais ser tratada como o sexo frágil e dependente.
Em tempos que somos obrigados a conviver com as declarações fascistas do deputado federal Jair Bolsonaro (PP – RJ), que conta com o apoio da parcela conservadora da sociedade, a chegada do trio controverso à final do BBB e a vitória de Maria é a derrota acachapante dos machistas tradicionais que não suportam ver mulheres e homossexuais cada vez mais conquistando seus espaços e direitos.
Do dykerama.uol.com.br |
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