'Pânico': o humor tosco se consolida na vice-liderança do horário
Revista Veja 24 de maio de 2010
Por João Marcello Erthal
Emílio Surita, apresentador do programa, com Gorete e Sabrina Sato (Foto: Divulgação)
As piadas são toscas, os quadros parecem improvisados, para onde quer que a câmera aponte alguém é ridicularizado. Volta e meia rola uma escatologia. Mas tem dado certo. Tão certo que as escandalosas figuras do Pânico na TV se acomodam cada vez mais confortavelmente na audiência das noites de domingo a honrosa vice-liderança no período em que o Fantástico, o campeão, com mais de 20 pontos no Ibope, mantém sintonizados na Globo um quarto dos cerca de 52 milhões de lares com televisores em todo o Brasil. Ontem, o Pânico conseguiu atingir a média de 12 pontos, contra os 10,5 de Silvio Santos e os 9,2 de Gugu.
Pelos números do ibope referentes aos últimos quatro domingos, Gugu é quem mais escorrega para fora do sofá no momento em que as famílias brasileiras, de controle remoto em punho, relaxam para começar a semana com algum bom humor. Particularmente entre o público jovem, o formato do programa de auditório com quadros para agradar toda a família, criado por Silvio há mais de 30 anos e copiado por Gugu, tem perdido força diante das performances aparentemente só aparentemente descontroladas dos apresentadores, humoristas, anônimos convertidos em celebridades e, claro, das sempre seminuas 'panicats' da Rede TV.
O programa é o único da emissora que rompe a barreira dos 10 pontos no ibope, enquanto a média do resto da grade não passa dos seis pontos. Não por acaso, foi com o Pânico que a direção do canal começou ontem a transmitir em 3D, uma ação pioneira mas que ainda depende de uma renovação do parque de televisores no Brasil para ter impacto sobre a audiência.
Sucesso - A receita do sucesso destoa da confusão que vai ao ar. Por trás dos tropeços, da edição que não esconde supostos erros de gravação, há um 'jeito Pânico' de fazer, que a RedeTV trata de sistematizar para extrair o máximo de sua atração de maior sucesso, como explica a superintendente artística da RedeTV, Mônica Pimentel. "Dá a impressão de que as pessoas passam 24 horas dando cambalhota. Mas há um trabalho árduo de criação por trás disso, com muita produção", conta Mônica.
Produzir, para os objetivos do Pânico, significa manter quem aparece no vídeo informado o bastante para não ficar sem resposta na ponta da língua, seja diante do ator de Malhação ou do senador que foi notícia na semana. Conhecer as celebridades de trás pra frente, com informações sobre a vida pessoal preferencialmente as que podem causar algum constrangimento é uma obrigação. "Quando temos um lançamento de novela ou um prêmio de cinema, entregamos para os meninos um apanhado de cada personagem, o que cada ator já fez", conta o diretor do programa, Allan Rapp. Mais recentemente, as incursões de Sabrina Sato nos corredores de Brasília obrigaram produtores e a própria Sabrina a acompanhar com lupa o noticiário político. "A Japa teve que aprender na marra", brinca o diretor.
Pelos números do ibope referentes aos últimos quatro domingos, Gugu é quem mais escorrega para fora do sofá no momento em que as famílias brasileiras, de controle remoto em punho, relaxam para começar a semana com algum bom humor. Particularmente entre o público jovem, o formato do programa de auditório com quadros para agradar toda a família, criado por Silvio há mais de 30 anos e copiado por Gugu, tem perdido força diante das performances aparentemente só aparentemente descontroladas dos apresentadores, humoristas, anônimos convertidos em celebridades e, claro, das sempre seminuas 'panicats' da Rede TV.
O programa é o único da emissora que rompe a barreira dos 10 pontos no ibope, enquanto a média do resto da grade não passa dos seis pontos. Não por acaso, foi com o Pânico que a direção do canal começou ontem a transmitir em 3D, uma ação pioneira mas que ainda depende de uma renovação do parque de televisores no Brasil para ter impacto sobre a audiência.
Sucesso - A receita do sucesso destoa da confusão que vai ao ar. Por trás dos tropeços, da edição que não esconde supostos erros de gravação, há um 'jeito Pânico' de fazer, que a RedeTV trata de sistematizar para extrair o máximo de sua atração de maior sucesso, como explica a superintendente artística da RedeTV, Mônica Pimentel. "Dá a impressão de que as pessoas passam 24 horas dando cambalhota. Mas há um trabalho árduo de criação por trás disso, com muita produção", conta Mônica.
Produzir, para os objetivos do Pânico, significa manter quem aparece no vídeo informado o bastante para não ficar sem resposta na ponta da língua, seja diante do ator de Malhação ou do senador que foi notícia na semana. Conhecer as celebridades de trás pra frente, com informações sobre a vida pessoal preferencialmente as que podem causar algum constrangimento é uma obrigação. "Quando temos um lançamento de novela ou um prêmio de cinema, entregamos para os meninos um apanhado de cada personagem, o que cada ator já fez", conta o diretor do programa, Allan Rapp. Mais recentemente, as incursões de Sabrina Sato nos corredores de Brasília obrigaram produtores e a própria Sabrina a acompanhar com lupa o noticiário político. "A Japa teve que aprender na marra", brinca o diretor.
O resto é, sim, na base do improviso. Se o entrevistado escorregar, vira piada. Se não escorregar, a edição, com repetições, distorções, câmera lenta ou efeitos visuais, trata de transformar qualquer interjeição em caco ou bordão nem que seja só pelos próximos 30 segundos. O caráter efêmero do que pode provocar risada é algo que o programa aprendeu a controlar com precisão. Inventar e aposentar quadros antes que o público note o envelhecimento é um dos segredos do 'jeito Pânico' de fazer TV. "Observe os bordões, como são tirados do ar antes que caiam no desgaste", destaca Mônica.
A escalada do Pânico |
Evolução da audiência anual |
Fontes: Ibope
Audiência de domingo é estratégica
Revista Veja 24 de maio de 2010
Gugu, Silvio e Faustão: formato da 'revista de variedades' começa a dar sinais de esgotamento. (Foto: Divulgação)
Os programas ao vivo, com conteúdo variado, ainda são o forte da TV aberta aos domingos. Mas o formato análogo ao da 'revista de variedades', que há mais de três décadas tenta agradar a todos ao mesmo tempo, vem dando sinais de fraqueza. "Os programas de domingo tradicionais supõem que a família esteja reunida na frente da TV. Em grande medida, isso ainda acontece. Mas o hábito de assistir televisão não tem mais esta conformação, esta passividade", avalia Eugênio Bucci.
Conseguir manter a audiência nos dias em que o controle remoto pode ter vários donos é estratégico. Na visão do mercado publicitário, aos domingos, a TV por assinatura, com conteúdos específicos, não consegue cumprir esse papel. "Do ponto de vista de comercialização, os canais abertos, aos domingos, estão 10 pés à frente de qualquer canal a cabo", analisa Sérgio Amado, presidente do Grupo Ogilvy.
Dados do Ibope referentes a 2009 mostram que, aos domingos, ganha peso a audiência masculina na TV aberta. Espectadores do sexo masculino são 42,21% durante a semana e 46,6% aos domingos. As mulheres ainda são maioria, mas aos domingos, em relação aos dias da semana, caem de 57,79% para 53,4%. Nos dias de folga, cresce também a proporção de espectadores das classes A e B, de maior poder aquisitivo: eles são 29,72% durante a semana e, aos domingos, 31,64%.
Dados do Ibope referentes a 2009 mostram que, aos domingos, ganha peso a audiência masculina na TV aberta. Espectadores do sexo masculino são 42,21% durante a semana e 46,6% aos domingos. As mulheres ainda são maioria, mas aos domingos, em relação aos dias da semana, caem de 57,79% para 53,4%. Nos dias de folga, cresce também a proporção de espectadores das classes A e B, de maior poder aquisitivo: eles são 29,72% durante a semana e, aos domingos, 31,64%.
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